24 de abr. de 2007

.:. Muita parcimônia nessa hora! .:.

Jabor falava de cortesia, saudosismo e romantismo; essas coisas que hoje em dia é tão raras quanto um “Desculpe-me”. Ao mesmo tempo em que folheava atentamente as páginas inspiradas de Arnaldinho, levantava os olhos e observava o contrário acontecendo. Em um trajeto rotineiro de travessia de uma baía, consigo ouvir no máximo, um “com licença”, motivado pela pressa de chegar logo ao trabalho.

Hoje acordei com a estranha vontade de ser cordial, distribuir sorrisos e bons desejos.

Iniciei minha jornada na portaria do meu prédio de onde saiu meu primeiro “vácuo”. Bom, entendo, afinal, como porteiro ele ainda faz bicos que o deixam sempre muito cansado. Decidi abstrair, afinal, meu campo de estudo ainda seria extenso até o meu destino.

No ponto de ônibus, fiz um sinal singelo e educado para que ele parasse; em retribuição, precisei dar uma corridinha até depois do ponto já que o motorista resolveu aproveitar o sinal verde e atravessá-lo antes que ele fechasse. Tudo bem, afinal, perder uns quilinhos não faz mal a ninguém. Ao entrar no ônibus, um “bom dia” ao trocador e pasmem, ele retribuiu. Claro que antes me perguntou se era cartão ou dinheiro, tudo bem, afinal, a roleta não pode esperar por um mero “bom dia”. Ao arrancar, o motorista sentiu que os passageiros estavam entediados e decidiu fazer uma brincadeira pra ver quem caía primeiro enquanto ele freava e acelerava. Confesso que adorei dançar o merengue ás 8:00 da manhã. Ao descer, tentei um “bom trabalho” e mais uma vez, no vácuo!

Poderia ter ficado estressada e descontado no próximo que cruzasse a minha frente, mas preferi sair por cima, fui solícita, educada e sempre com um belo sorriso no rosto.

Ao final do trajeto até eu já estava de saco cheio me achando uma idiota risonha. Eu queria mandar a educação pro quinto dos infernos, “com licença” já estava virando “sai da frente” e “bom trabalho” só se fosse o seu, porque o meu, já não aguento mais.

É... as pessoas estão intolerantes mesmo. Não estão se aturando porque nem elas têm aturado a si próprias. Somos contaminadas pela rotina e a perseverança em manter a cortesia vai por água a baixo ao perceber que ninguém mais se importa com isso. É o "cada um com seu cada um".

Pessoas são obrigadas a conviver uma com as outras e estranhamente, muitas vezes elas não se esforçam para fazer desse convívio um momento diário agradável. Somos literalmente atropeladas pela corrida do cotidiano, passando por cima também da cordialidade e da educação.

De qualquer forma, vale tentar. Desculpem - me a indignação e tenham todos um bom dia. Obrigada!

4 comentários:

Sergio disse...

Parabens pra tu nessa JORNAda em seu (CO)TIDIANO. Sucesso e mais uma vez parabens pela iniciativa...
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te admiro muito
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sergio boss
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bjos.
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Ana B. disse...

Lucia!
Este eh meu exercicio diario. Morri de rir, com teu texto. Adorei!!! :)
Posso lhe afirmar que estas atitudes surpreendem as pessoas que estao com o proprio humor comprometido, ateh por causa das condi(c)oes climaticas. Acredite!!!
Mas tb, posso lhe dizer que este tipo de atitude tem efeitos magicos, e para nosso deleite um dia, qdo menos esperamos, somos surpreendidos.:))
Vamos continuar sorrindo, desejando "Bom dia" e ficando no vacuo. Sabe pq? Faz bem a nos mesmas. Bjao

bruno disse...

Lucia, parabéns, muito legal seus textos, que são de inteira importância para reflexão de todos, continue assim...

Parabéns...

Bruno

Thiago disse...

Eu poderia dizer que é o RJ, mas estaria enganado...

Li seu texto e resolvi testar... o resultado?

Parecido... exceto que o motorista não parou, o cobrador nem olhou na minha cara, estava mais preocupado com a menina bonita que vinha a seguir, não tiro a razão dele. E no mais, com exceção do pessoal do Laboratório (que não tinha opção) o resto foi só, como você disse, um grande vácuo...

Beijos

Ps.: Gostei do seu blog... :D

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