22 de dez. de 2015

Quadrado. Cada um no seu.

Em tempos de internet o que se vê é julgamento. São muitos pseudos moralistas vendo a tela do computador como uma novela. Acompanhando o desenrolar da vida alheia.

Na era de Cristo uma mulher infiel era apedrejada. Após mais de 2 mil anos continua a mesma coisa. Numa realidade de vidas expostas, contrapondo a vidas opostas, numa tentativa de burlar a vida real, as pessoas seguem numa tentativa de parecerem o que não são, de esconder o que querem e de julgar o que não podem.

Caetano já dizia que cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é, e também colhe os louros de suas próprias atitudes em uma rede social pouco cerimoniosa.

O que cabe a nós, telespectadores da vida alheia? O silêncio? Sim. O bom senso? Sim. E aos que "pecam"? Colher seus frutos.

Em tempos de cidade pequena o que se vê é julgamento. São muitos pseudo moralistas, com notinhas na mercearia vencidas vendo a vida pela janela como uma novela. Acompanhando o desenrolar da vida alheia.

Na era de vovó, os casamentos eram duradouros, muitas vezes infelizes, muitas vezes sacrificantes. Mas, como já diz o ditado popular: cada um sabe onde o calo aperta.  E cada um colhe os olhares sob suas atitudes na fila do pão na padaria de manhã.

O tempo pouco muda sistemas enraizados, culturas estipuladas, costumes descidos pela goela. Pouco se respeita das questões individuais. Muito se exige sobre convenções sociais.

E o que cabe a nós? Limite e respeito. Mais nada.

25 de abr. de 2014

A vida de Carolina.


Carolina é tatuada, meio sã, meio louca. Vez em outra troca amigos atemporais por amigos virtuais. Afinal, os atemporais raramente estão disponíveis e os virtuais, bem, os virtuais estão ali, sempre, online.


Tem dias que ela bebe vinho enquanto cozinha, tem dias que ela bebe vinho enquanto sozinha. E assim ela vai se bastando, se gastando, se enchendo de não saber ao certo quem de fato está online ou offline em sua vida. Mas segue sua vida perfeita, pelo menos para o resto do mundo.

Sedentária, tem manias de promessas de segunda-feira. Dieta segunda, academia segunda, ligar para a tia na segunda. Todas não cumpridas. Todas falidas de antemão  pelo fantasma da segunda-feira. Que dia horrível, não? Menos pra ela.

Segunda é o dia de começar tudo de novo, dia de ter novidades, de abastecer sua história de vida interessante. Segunda é dia de frases motivacionais, contradizer aos chatos que detestam segunda - como eu - de esfregar na cara de todos que suas vidas são um saco. Porque ela é assim, na contramão.

Pseudo irresponsável, Carolina tem diploma, lê Nietzsche, ouve Alcione e ama o mundo vintage. Paga suas contas, se relaciona somente com quem quer, dorme em sua cama totalmente exclusiva e vai ao cinema sozinha. Ela tem sapatos novos, apesar de sempre usar os velhos. Chuta o balde todo domingo. Invejada por muitos, acredite.

Tem dias que Carolina - que não é Carol, pois não curte ser o senso comum - está de bode. Chora em frente à TV, faz cobranças desnecessárias, grita com o cachorro e reclama na política do Brasil. Mas logo é segunda e tudo se resolve.

Eu sei que você a essa altura já desenhou um rosto, um corpo, um jeito de ser de Carolina na sua mente. Talvez essa mulher, que não precisa de idade, nem de mais detalhes, esteja mais perto que imagina. A vida de Carolina é cheia de coisas que ela é ou faz, mas acredite, ela tem muito do que você é ou gostaria de ser. Cada um carrega a Carolina que permite viver. A Carolina existe, ela está no meu reflexo onde muitas vezes, consigo ver você.

20 de fev. de 2014

A vida tem borogodó

Quem consegue seguir à risca cada traçado ou roteiro que desenhe para a sua vida, tem o meu respeito. A sinuosidade sempre teve um charme a mais, um borogodó. Ter uma vida reta, correta, "clean" pode um dia deparar-se com um certo tédio. 

A vida e seus arranha-céus são alcançáveis! Você decide por um caminho mais curto, rápido e ilibado ou um caminho com escadas caracóis e sua ansiedade e expectativa em cada fim de curva. 

O preto e branco, clássico, austero, elegante são cores necessárias, mas quem nunca pensou: "E se eu jogasse um vermelho?". E a alegria que me dá em um céu azul com um belo arco-íris colorindo o céu. Que lindo contraste. Tão lindo como o das pessoas.

Sou fã da vida que é vivida e não de contas prestadas. As obrigações fazem parte dela e como no fim de uma jornada, vá, cumpra, bata o cartão e pé na estrada. Nada se compara ao prazer de uma missão cumprida. Talvez apenas de vez ou outra, de um balde bem chutado. 

A vida não é curta, ela é longa! A cobrança que exercemos - ou exercem - sob ela é que a encurtam. Quando você se dá conta, todos á sua volta estão satisfeitos, menos você.E aí, meu caro, você se dá conta de que ela só era curta pra você enquanto os outros se refestelam na tranquilidade de seus deveres cumpridos ás suas custas.

A modernidade é um avanço incrível, não é mesmo? A tecnologia veio para nos dar mais tempo em casa, mais tempo livre, mas o que você faz nele? Usa mais tecnologia. Contraditório, não?

Vivemos em um mundo onde temos saudade de andar de bike, de patins, de skate! Como se as ruas ou os espaços abertos tivessem sido extintos por uma sociedade que compra carro como quem compra tênis.

Sou filha de uma sociedade sedenta, viciada e saudosista de pouquíssimos anos. Temos saudade de coisas criadas nos últimos 10 anos e compramos coisas desnecessárias. Sofremos por inovações que não precisamos e trocamos lugares e pessoas ao nosso redor por pessoas fora dele, virtuais.

Sou tia da internet mas muito fã do olho no olho, téte-a-téte. Nada me faz mais feliz que um amigo pra um café da tarde. Sou hard user, viciada e antenada, mas nada me dá mais prazer que um belo abraço apertado. 

Vai um abraço aí?