O Carnaval do Rio sempre foi o momento de tentar esconder as lamúrias da população carioca, do país e até do mundo. Nesse período que começa no Jingle Bell e termina quase na Semana Santa – só na Bahia é durante o ano todo – milhares de pessoas vestem pouca roupa, num manifesto de libertação de ternos ou roupas pesadas de suor do trabalho do ano inteiro. É hora de abstrair.
Mas o país não pára e os acontecimentos vêm à tona ofuscando o brilho dos paetês e tirando dos foliões, o que para eles é seu direito adquirido pelo árduo trabalho. Mesmo que esse apagão ocorra momentaneamente e, ainda, dissimulada por meia dúzia de promessas do governo, ainda sim, eles aparecem também no Carnaval.
Dos barracões que fabricam as fantasias e guardam os instrumentos de escolas de samba famosas, lemos no jornal do dia a notícia de que também seria ponto do tráfico. Dos morros de onde descem os foliões mais necessitados de sorriso, o asfalto sobe para demolir a fortaleza construída pelos traficantes das favelas com os tijolos que faltam no barracão do vizinho.
O cinema nacional mostra um cara de classe média que foi empurrado para o submundo pela vida e apelidado pelos seus clientes drogados de o “Johnny”. Poderia ser qualquer João, do morro ou do Leblon, seu apelido se iguala aos das manchetes dos jornaizinhos sanguinários, personificando a bandidagem com a adição do artigo “o” antes do nome como se fosse algo glamoroso, como se fosse “o cara”.
Mas o Carnaval está aí para isso e talvez por isso tenha sido idéia do brasileiro. “Chopp e dança” pra substituir o “Pão e circo” do Império Romano. Os holofotes acabam redirecionados para os paetês do pequeno biquíni da mulata e o que era triste vira bloco e o que era opaco vira ala. E mesmo que as tristezas do mundo assolem os corações de todos os brasileiros, no ritmo do samba ao toque do mestre da bateria, atrás desse Carnaval de cegos, só quem não vai é quem já morreu.
Mas o país não pára e os acontecimentos vêm à tona ofuscando o brilho dos paetês e tirando dos foliões, o que para eles é seu direito adquirido pelo árduo trabalho. Mesmo que esse apagão ocorra momentaneamente e, ainda, dissimulada por meia dúzia de promessas do governo, ainda sim, eles aparecem também no Carnaval.
Dos barracões que fabricam as fantasias e guardam os instrumentos de escolas de samba famosas, lemos no jornal do dia a notícia de que também seria ponto do tráfico. Dos morros de onde descem os foliões mais necessitados de sorriso, o asfalto sobe para demolir a fortaleza construída pelos traficantes das favelas com os tijolos que faltam no barracão do vizinho.
O cinema nacional mostra um cara de classe média que foi empurrado para o submundo pela vida e apelidado pelos seus clientes drogados de o “Johnny”. Poderia ser qualquer João, do morro ou do Leblon, seu apelido se iguala aos das manchetes dos jornaizinhos sanguinários, personificando a bandidagem com a adição do artigo “o” antes do nome como se fosse algo glamoroso, como se fosse “o cara”.
Mas o Carnaval está aí para isso e talvez por isso tenha sido idéia do brasileiro. “Chopp e dança” pra substituir o “Pão e circo” do Império Romano. Os holofotes acabam redirecionados para os paetês do pequeno biquíni da mulata e o que era triste vira bloco e o que era opaco vira ala. E mesmo que as tristezas do mundo assolem os corações de todos os brasileiros, no ritmo do samba ao toque do mestre da bateria, atrás desse Carnaval de cegos, só quem não vai é quem já morreu.