9 de jan. de 2008

.:. Paisagem de descobertas .:.

Adam Gault

No meu bolso um punhado de notas coloridas estampadas com bichos de nossa fauna, ironicamente me lembrava que pra onde eu estava indo não precisaria tanto daquilo. Tinha o suficiente para chegar e partir porque o usufruir ficaria a cargo do destino. Não demorei a descobrir que o mais valioso era de graça.

Do barulho dos carros até chegar ao som das ondas e eu já havia repassado mais de vinte anos da minha vida de valores que foram dissolvidos na garoa produzida pelo barco. O vento ao passar pelo meu rosto parecia massagear minha mente levando aquilo que sinceramente não me fez falta: preocupação.

Com indiferença não olhava pra trás para não me perder o que estava conquistando à frente. Eu queria mais e mais e nem me recordava da possibilidade de haver retorno e talvez dar de cara novamente com o que foi deixado.

Do inferno ao céu em uma hora e meia, a certeza de que a felicidade está nas coisas que você insiste em passar batido no cotidiano se firmou. Me fez reviver o conceito de “menos é mais” proporcionando sentimentos duradouros e concretos; descartando a plausividade dissimulada daquilo que, muitas vezes, admitimos como essenciais em nossas vidas.

Finalmente insisto em dizer que notas coloridas conseguem criar um prisma de cores fúteis e descartáveis, ao passo que, enquanto o pintor não descobre a melhor maneira de misturar os tubos de tinta, a paisagem da sua vida sempre ficará pálida e sem contraste. Um tédio. Apenas um borrão.

3 comentários:

Mel disse...

Essência,pureza,percepção
as vezes se perde urbanamente,vezes nostálgica ao se deparar com tanto prazer de graça,uma leitura,uma menina,a resposta,o antídoto para os males consumistas.Cápita?

camelo do deserto disse...

Isso aqui ta melhor do que novela das 8!! Uma aventura na Hermenêutica...

Perdão a ignorância de um camelo, mas vivenciar ainda é melhor do que filosofar que se sabe viver!

fred girauta disse...

lucia! é bom esse texto! e é bom porque ele não se fecha em única interpretação, o que faz dele literatura...

beijo grande!

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